Este capítulo estuda:
– Política Monetária;
– Moeda;
– Sistema Bancário;
– Relações Econômicas;
> 4-1. O que é moeda?
Comumente costuma-se dizer que uma pessoa com grande quantidade de moeda é rica. Mas, para a economia a moeda é um tipo específico de riqueza, porque pode prontamente ser utilizada para transações;
> As Funções da Moeda
A moeda possui três funções:
– Reserva de valor;
– Unidade de conta;
– Meio de troca;
Reserva de Valor: Mecanismo de transferência de poder de compra para o futuro. (Imperfeita: Porque os preços variam);
Unidade de Conta: Determina a relação de proporção numérica entre os produtos (Padrão de mensuração);
Meio de Troca: Objeto de transação (compra e venda) dos produtos. Como ativo, possui liquidez – que é a capacidade que um ativo tem de ser transformado em outros bens num processo de transação.
Assim, a moeda é o ativo de maior liquidez da economia, porque possui poder de troca imediato.
> Os tipos de moeda
Moeda fiduciária (Predominante hoje): moeda que não possui valor intrínseco, seu valor é instituído por normas/convenções;
Moeda Mercadoria (Caiu em desuso): mercadoria com valor intrínseco utilizada para transações;
Pode haver uma combinação das duas: Padrão-Ouro;
> O desenvolvimento da Moeda Fiduciária
Moeda Mercadoria -> Governo -> Lastro -> Credibilidade no governo -> Fim do lastro -> Moeda fiduciária;
> Como é controlada a Quantidade de Moeda
Oferta monetária: Quantidade de moeda disponível;
– No caso da moeda-mercadoria, é o total desta;
– No caso da moeda fiduciária, é a oferta realizada pelo governo.
Política Monetária: Instrumento de controle da Oferta Monetária
– Quem realiza é o Banco Central e/ou Governo;
O principal instrumento do Bacen para controle de moeda é a operação de mercado aberto (Open Market);
Operações de Mercado Aberto: Compra e venda de títulos públicos;
> 4-2. O Papel dos Bancos no Sistema Monetário
A Oferta Monetária apresentada até aqui considerou a simplificação de que o controle da moeda é exercido exclusivamente pelo Banco Central, mas nesse ponto da análise é necessário incluir as funções exercidas pelo Sistema Bancário.
Definindo a Oferta Monetária:
M = C + D (4.1)
Notação:
M = Oferta Monetária;
C = Moeda Corrente (Em poder das famílias);
D = Depósitos à vista (Em poder dos bancos);
Em resumo: M = f(C, D)
Representa o comportamento das famílias e dos bancos;
> Reserva Bancária de 100%
Bancos (Funções): Recebem depósitos e fazem empréstimos;
Reservas Bancárias: Depósitos recebidos pelos bancos não colocados para empréstimos (A taxa dessa proporção é instituída pelo Banco Central);
Se o banco tem de adotar uma reserva de 100% e considerando-se uma oferta monetária de 1.000,00:
Balanço Financeiro do Banco |
|||
ATIVO |
PASSIVO |
||
Reserva |
1.000,00 |
Depósito |
1.000,00 |
Os depósitos feitos nos bancos representam uma saída de recursos do sistema monetário, ao passo que os empréstimos realizados por esses bancos configuram-se como entradas;
Assim, se os bancos têm de adotar uma taxa de reserva de 100%, tudo o que sai do sistema fica retido pelo banco, e ele pode emprestar exatamente aquela quantidade, de tal maneira que a Oferta de Moeda fica inalterada;
> Reserva Bancária Fracionária
Ocorre quando a taxa de reserva não é 100%, sendo apenas uma fração dos depósitos na forma de reserva;
Se o banco tem de adotar uma taxa de reserva de 50%, e considerando-se uma Oferta Monetária de 1.000,00:
Balanço Financeiro do Banco |
|||
ATIVO |
PASSIVO |
||
Reserva |
500,00 |
Depósito |
1.000,00 |
Empréstimos |
500,00 |
Enquanto o balanço financeiro do banco permanece inalterado, os empréstimos colocados à disposição pelo banco se somam a oferta monetária inicial, aumentando a Oferta Monetária da economia de 1.000,00 (inicial) para 1.500,00 (inicial + empréstimos);
Há de se observar que os recursos gerados para empréstimos podem retornar ao Sistema Bancário sob a forma de novos depósitos:
Balanço Financeiro do Banco |
|||
ATIVO |
PASSIVO |
||
Reserva |
500,00 |
Depósito |
1.000,00 |
Empréstimos |
500,00 |
||
Reserva |
250,00 |
Depósito |
500,00 |
Empréstimos |
250,00 |
Aumentando ainda mais a Oferta Monetária: De 1.000,00 para 1.500,00, e de 1.500,00 para 1.750,00. E assim sucessivamente. Porém, conquanto o processo se repita indefinidamente, ele não é capaz de criar uma quantidade infinita de moeda, porque essa criação cresce a taxas decrescentes.
O limite é dado pela seguinte equação:
Mt = (1/rr).Mo (4.2)
Notação:
Mt =Oferta Monetária Total
Mo = Oferta Monetária Original
rr =Taxa de Reserva Bancária
Conclusão: Os bancos têm a capacidade de influenciar diretamente a Oferta Monetária (porque podem “criar moeda”);
Observação: Os bancos criam moeda, mas não riqueza, já que os empréstimos têm de ser pagos;
> Capital Bancário, Alavancagem e Regulação da Proporção de Capital
Até aqui, adotou-se o pressuposto de que os bancos não possuem capitais próprios, mas isso mascara a estratégia utilizada para ganhar dinheiro com o sistema bancário;
Capital bancário: Recursos próprios do proprietário do banco, utilizados para iniciar a atividade (Patrimônio Líquido).
Balanço Financeiro do Banco |
|||
ATIVO |
PASSIVO |
||
Reserva |
200,00 |
Depósito |
750,00 |
Empréstimos |
500,00 |
Obrigações |
200,00 |
Títulos |
300,00 |
Capital bancário |
50,00 |
Assim, a estratégia utilizada pelos bancos é a alavancagem, a utilização de dinheiro emprestado para suplementar recursos voltados para investimentos;
Proporção de Alavancagem: Ativos (Total) / Capital Bancário
No exemplo: 1.000 / 50 = 20,00: Para cada 1,00 dos proprietários, há 20,00 de patrimônio.
> 4-3. Como o Banco Central influencia a Oferta Monetária
Esta seção apresenta como o Banco Central influencia o Sistema Bancário e a Oferta Monetária;
> Um modelo de Oferta Monetária
Notação:
B = Base monetária;
C = Moeda em poder do público;
R = Moeda de reserva em poder dos bancos;
rr = Proporção entre reservas e depósitos (R/D);
Políticas Comerciais e Regulação;
cr = Proporção entre moeda corrente em poder do público e seus depósitos à vista (C/D);
Reflete a preferência das famílias
Relembrando a equação (4.1) da Oferta Monetária:
M = C + D
Sendo a Base Monetária a soma da moeda corrente em poder do público e a moeda em reserva pelo Sistema Bancário:
B = C + R (4.3)
Para encontrar a Oferta Monetária em função de B, rr e cr (variáveis exógenas), divide-se (4.1) por B:
M/B = (C+D)/B (4.4)
Substituindo (4.3) no lado direito de (4.4):
M/B = (C + D)/(C + R) (4.5)
Dividindo o lado direito de (4.5) por D:
M/B = [(C + D)/D] / [(C + R)/D]
Simplificando:
[(C + D)/D] / [(C + R)/D] = [(C + D) +1] / [(C/D) + R/D)] (4.6)
Pelas definições apresentadas anteriormente, sabe-se que:
C/D = cr e R/D = rr, de modo que:
M/B = (cr + 1)/(cr + rr) (4.7)
Ou, igualmente:
M = [(cr + 1)/(cr + rr)].B (4.8)
De modo que (4.8) ilustra como M (oferta monetária) depende das três variáveis exógenas.
Substituindo (cr + 1)/(cr + rr) por m:
M = m . B (m>0) (4.9)
Notação:
m = multiplicador monetário.
Conclusão: M = f(B+)
Ou, de modo mais preciso:
M = f(B+, rr–, cr–) Porque cr = C/D
cr = f(C+) → ↑C → ↑B
cr = f(D–) → ↑D → ↓C → ↓B
> Os instrumentos da Política Monetária
Quando se afirma que o Banco Central controla a quantidade de moeda na economia geralmente se assume o pressuposto de que ele o faz diretamente. Mas, na verdade, ele também o faz de maneira indireta controlando B e m.
Sobre a Base Monetária:
– Operações de Open Market;
– Taxa de redesconto (juros do BC);
Sobre o Multiplicador Monetário:
– Regulação da proporção de reservas (Limite à alavancagem);
– Elo entre a Base Monetária e a Oferta Monetária;
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Lucas Casonato”